quinta-feira, 3 de dezembro de 2009


Anorexia Infantil

A anorexia infantil não tem as mesmas causas da anorexia da adolescência, esta de um exacerbado ideal de magreza.A anorexia infantil é de dois tipos. Um raro, onde a criança apresenta nítidos apavoramentos diante da comida, e conseqüente recusa, juntamente com outras graves perturbações, como insônias severas, comportamentos bizarros, isolamento. E um outro tipo de anorexia, desta vez bastante comum, na qual a vida social da criança é normal. Deste, vou tratar mais demoradamente. Esta anorexia pode começar nos primeiros meses de vida e alastrar-se por anos, até mesmo a idade adulta. Os pais tentam todo tipo de artifício para fazer a criança comer: “um pouquinho para o papai”, “um pouquinho para o ursinho”, cantarolam, contam histórias, outros mostram-se zangados, coagem fisicamente e, na criança um pouco mais velha, aplicam castigos do gênero não sair da mesa enquanto não comer tudo. O fracasso desses métodos é de regra. Qual a causa dessa anorexia? O apetite da criança pequena é mais sensível do que o do adulto. Ela pode momentaneamente perder o apetite por várias razões. Por estar doente, especialmente nas ?viroses?, ou porque começou a alimentação sólida, ou por causa do crescimento dentário. Seus pais ou equivalentes suportam mal ela recusar comer, a idéia de que vai acabar morrendo é quase constante. Imagine você leitor adulto se não está com apetite ? acontece com muito de nós quando estamos deprimidos ? e é forçado a comer uma feijoada. É, digamos, torturante. Na criança, o motivo inicial da perda do apetite deixa de existir, mas a alimentação fica associada à experiência torturante, criando assim uma nova falta de apetite. Diante da mesma situação, aqueles que cuidam da criança repetem e inovam os métodos. E a partir daí forma-se um círculo vicioso. Nas palavras de Leon Kreisler: “O incidente menor tem conseqüências desmesuradas. Não se reconheceu que a recusa inicial era justificada e quiseram forçar a criança a terminar a refeição. A recusa renovou-se e cada participante instalou-se finalmente na sua posição; a anorexia tornou-se um hábito” Este tipo de anorexia também é chamado de anorexia de oposição. Na literatura, fala-se de uma “guerra” entre a mãe e a criança, “greve” por parte desta. De fato, a birra, o “vamos ver quem sai ganhando” vai se cristalizando na criança e aparentemente se torna a motivação, mas não podemos esquecer o fundo traumático da experiência torturante de comer forçado. Faz pouco estive numa festa que era uma comilança, uma criança anoréxica de 8 anos de idade, que conheço, entrou num estado de agitação ansiosa vendo todos, aquela quantidade de pratos expostos como se tivesse que comer este tipo de comida em grande quantidade. Na medida em que cresce, a criança anoréxica tende a desenvolver um traço de personalidade, que perdura pela vida afora, pelo qual uma opinião dada por um próximo é sentida como uma ordem: “Vamos ao cinema?” “Não, você não manda em mim”, responderia o anoréxico. A criança anoréxica de oposição é normalmente muito ágil. Seu desenvolvimento motor está à frente das demais crianças. Segundo Michel Fain, isto se deu porque ela quis escapar da coerção da proximidade maior dos primeiros cuidados, notadamente da alimentação no seio ou mamadeira. De fato, essas crianças são um tanto arredias a serem pegas no colo. Uma outra característica dessas crianças é de que falta nelas o medo diante do estranho, típico do desenvolvimento quando a criança chega próximo dos 8 meses. Neste momento, num desenvolvimento típico, a criança diferenciou seu núcleo familiar, do qual depende, do resto das pessoas e teme que a pessoa desconhecida vá tirá-la dos íntimos. Para entendermos essa diferença, vamos fazer algumas considerações. Comer junto une as pessoas, sela uma união. Veja as confraternizações, a festa de Natal (que recompõe os laços familiares), os almoços entre homens de negócios, que os fazem melhor fluir. Segundo Brazelton: “Conforme ele [o bebê] aprende a ficar sentado e a se alimentar sozinho e compartilha suas primeiras palavras com você [mãe], as refeições feitas em família podem se tornar um momento agradável de proximidade para substituir o acalanto íntimo possível com o aleitamento no peito”. Portanto, a intimidade familiar parece derivar, entre outros, da intimidade em comer juntos que, por sua vez, deriva da intimidade do aleitamento. Como esta derivação é problemática no anoréxico, ele quer distanciar-se da intimidade, e então a figura do estranho não se constitui como pólo de oposição a um refugo familiar. Não raro vermos uma anorexia infantil transformar-se em obesidade por volta dos 7, 8 anos de idade. A oposição cede ao mesmo tempo em que o traço de caráter de negativismo e rebeldia a que nos referimos. Mas um remanescente da recusa alimentar permanece na forte seletividade do que a criança gosta de comer. A criança acaba dobrando-se a vontade dos pais. De acordo com minha experiência, a partir desse momento, a criança tem uma noção mais realista da morte e assimila o medo da mãe ou dos pais de que fosse morrer por alimentar-se pouco. É importante considerarmos isto, porque a obesidade que se forma é mantida pelo medo da morte. A anorexia de oposição cede com certa facilidade, se os pais mudam os métodos: deixar de empregar artifícios ou a coerção física ou castigos. O médico pediatra, psiquiatra infantil ou psicólogo podem orientá-los. Numa criança maior, o essencial é os pais ficarem indiferentes à sua alimentação, não se incomodarem com a recusa em comer, nem mesmo falarem mais de comida, deixar a criança à vontade. O fator mais difícil está no médico e no psicólogo tranqüilizarem os pais de que o filho não vai ficar doente, nem morrer. Numa criança menor, segundo Kreisler, deve-se “excluir todo alimento deliberadamente recusado; permanecer inferior em quantidade aquilo que é aceito habitualmente” de forma que “os papéis são invertidos, e a criança colocada na posição de quem pede”. Querendo seguir essas orientações, ou outras semelhantes, os pais devem ser acompanhados pelo médico e pelo psicólogo, para a orientação de cada momento. Que este pequeno artigo sirva para os pais saberem que o problema resolve-se com certa facilidade.


DEPRESSÃO INFANTIL
O Transtorno Depressivo Infantil é um transtorno do humor capaz de comprometer o desenvolvimento da criança ou do adolescente e interferir com seu processo de maturidade psicológica e social. São diferentes as manifestações da depressão infantil e dos adultos, possivelmente devido ao processo de desenvolvimento que existem na infância e adolescência. A depressão foi considerada a principal doença psiquiátrica do século, afetando aproximadamente oito milhões de pessoas só na América do Norte (onde são feitas as principais pesquisas). A morbidade da depressão se reflete no fato de que os adultos deprimidos são 20 vezes mais propensos a morrer de acidentes ou de suicídio do que adultos sem transtorno psiquiátrico. Tanto os quadros de Distimia quanto de Transtorno Afetivo Bipolar, podem surgir pela primeira vez durante a adolescência e o reconhecimento precoce de um estado depressivo poderá ter profundos efeitos na futura evolução da doença. Apesar da tamanha importância da Depressão da Infância e Adolescência em relação à qualidade de vida, ao suicídio, às dificuldades na escola, no trabalho e no ajuste pessoal, esse quadro não tem sido devidamente valorizado por familiares e pediatras e nem adequadamente diagnosticado. Embora na maioria das crianças a sintomatologia da Depressão seja atípica, alguns podem apresentar sintomas clássicos de Depressão, tais como tristeza, ansiedade, expectativa pessimista, mudanças no hábito alimentar e no sono ou, por outro lado, problemas físicos, como dores inespecíficas, fraqueza, tonturas, mal estar geral que não respondem ao tratamento médico habitual. Na criança e adolescente a Depressão, em sua forma atípica, esconde verdadeiros sentimentos depressivos sob uma máscara de irritabilidade, de agressividade, hiperatividade e rebeldia. As crianças mais novas, devido a falta de habilidade para uma comunicação que demonstre seu verdadeiro estado emocional, também manifestam a Depressão atípica, notadamente com hiperatividade. A depressão na criança e/ou adolescente pode ter início com perda de interesse pelas atividades que habitualmente eram interessantes, manifestando-se como uma espécie de aborrecimento constante diante dos jogos, brincadeiras, esportes, sair com os amigos, etc, além de apatia, adinamia e redução significativa da atividade. Às vezes pode haver tristeza. De forma complementar aparece diminuição da atenção e da concentração, perda de confiança em si mesmo, sentimentos de inferioridade e baixa autoestima, idéias de culpa e inutilidade, tendência ao pessimismo, transtornos do sono e da alimentação e, dependendo da gravidade, ideação suicida. Incidência O reconhecimento de um quadro depressivo infantil e da adolescência como um transtorno que pode afetar pessoas desse grupo etário, reivindicada há mais de 30 anos pelo IV Congresso de a União de Paidopsiquiatras Europeos, de 1971 em Estocolmo (Annell, 1972), resultou na elaboração de critérios de diagnóstico para esse quadro, denominando-o de Transtorno Depressivo na Infância e Adolescência (DSM-IV, 1994). Os dados de prevalência do Transtorno Depressivo na Infância e Adolescência não são unânimes entre os pesquisadores. Devido à diversidade dos locais onde os estudos são realizados e das populações observadas, vários índices de prevalência têm sido estabelecidos para a depressão na infância. Talvez as dificuldades devam-se às discrepâncias de diagnóstico, já que alguns consideram como Depressão alguns casos atípicos, como por exemplo, a Fobia Escolar, a Hiperatividade, etc. Estudos norte-americanos revelam uma incidência de depressão em aproximadamente 0,9% entre os pré-escolares; 1,9% nos escolares e 4,7% nos adolescentes (Kashani, 1988 apud Weller, 1991). Mas esses números são demasiadamente otimistas. Há mais de 30 anos, os estudos de Rutter, Tizarde e Whitmore (1970) começaram a aportar uma prevalência da Depressão Infantil em aproximadamente 1% das crianças de 10 anos. Dezesseis anos depois, Rutter (1986) volta a pesquisar e considera que os quadros depressivos são muito mais freqüentes na adolescência do que na infância. Essas suspeitas foram confirmadas mais tarde por Ciccheti, em 1995. Nesse ano Goodyar situa a prevalência do Transtorno Depressivo na Infância e Adolescência entre o 1,8% e 8,9%. Embora seja difícil reunir dados sobre a incidência de Depressão Infantil, em recente artigo Jose Luis Pedreira Massa assinala que, na Espanha, a media de transtornos depressivos também pode situar-se em torno de 9% na população geral infantil menor de 12 anos, sendo algo superior na adolescência. Sintomas A Depressão Infantil não se traduz, invariavelmente, por tristeza e outros sintomas típicos. A diferença entre os momentos nos quais as crianças podem estar tristes ou aborrecidas com quaisquer fatores vivenciais que as molestem e a Depressão verdadeira está, principalmente, no tempo e na motivação para esse sentimento. A Depressão Infantil tem sido cada vez mais observada devido, em parte, à atualização conceitual e atenção médica crescente sobre esta doença. Apesar da Depressão, tanto no adulto quanto na criança, ter como modelo de diagnóstico a conhecida constelação de sintomas, decorrentes da tríade sofrimento moral, a inibição psíquica global e no estreitamento do campo vivencial, as diferentes características pessoais e as diferentes situações vivenciais entre o adulto e a criança, farão com que os sintomas secundários decorrentes dos sintomas básicos sejam bem diferentes. O sofrimento moral, por exemplo, responsável pela baixa autoestima, no adulto pode se apresentar como um sentimento de culpa e, na criança, como ciúme patológico do irmão mais novo. Nas crianças e adolescentes é comum a Depressão ser acompanhada também de sintomas físicos, tais como fatiga, perda de apetite, diminuição da atividade, queixas inespecíficas, tais como cefaléias, lombalgia, dor nas pernas, náuseas, vômitos, cólicas intestinais, vista escura, tonturas, etc. Na esfera do comportamento, a Depressão na Infância e Adolescência pode causar deterioração nas relações com os demais, familiares e colegas, perda de interesse por pessoas e isolamento. As alterações cognitivas da Depressão infantil, principalmente relacionadas à atenção, raciocínio e memória interferem sobremaneira no rendimento escolar. Os sintomas mais freqüentes da Depressão na Infância e Adolescência costumam ser os seguintes: insônia, choro, baixa concentração, fatiga, irritabilidade, rebeldia, tiques, medos lentidão psicomotora, anorexia, problemas de memória, desesperança, ideações e tentativas de suicídio. A tristeza pode ou não estar presente. Hoje em dia a ampliação da constelação sintomática atribuída à depressão infantil tem contribuído, sobremaneira, para a elaboração do diagnóstico e, por causa disso, cada vez mais os distúrbios do comportamento da criança estão sendo relacionados a uma maneira depressiva de viver. A expressão clínica da depressão na infância é bastante variável. Baseando-se nas tabelas para diagnóstico, revistas por José Carlos Martins, podemos compor a seguinte listagem de critérios: SINAIS E SINTOMAS SUGESTIVOS DE DEPRESSÃO INFANTIL 1- Mudanças de humor significativa 2- Diminuição da atividade e do interesse 3- Queda no rendimento escolar, perda da atenção 4- Distúrbios do sono 5- Aparecimento de condutas agressivas 6- Auto-depreciação 7- Perda de energia física e mental 8- Queixas somáticas 9- Fobia escolar 10- Perda ou aumento de peso 11- Cansaço matinal 12- Aumento da sensibilidade (irritação ou choro fácil) 13- Negativismo e Pessimismo 14- Sentimento de rejeição 15- Idéias mórbidas sobre a vida 16- Enurese e encoprese (urina ou defeca na cama) 17- Condutas anti-sociais e destrutivas 18- Ansiedade e hipocondria Não é obrigatório que a criança depressiva complete todos os itens da lista acima para se fazer o diagnóstico. Ela deve satisfazer um número suficientemente importante de itens para despertar a necessidade de atenção especializada. Dependendo da intensidade da Depressão, pode haver substancial desinteresse pelas atividades rotineiras, queda no rendimento escolar, diminuição da atenção e hipersensibilidade emocional. Surgem ainda preocupações típicas de adultos, tais como, a respeito da saúde e estabilidade dos pais, medo da separação e da morte e grande ansiedade. Além disso, tendo em vista a característica atípica da maioria das depressões na infância, alguns autores começam a pensar neste diagnóstico para outras patologias bem definidas, como é o caso do Déficit de Atenção por Hiperatividade, para certos casos de Distúrbios de Conduta (notadamente a rebeldia, oposição e agressividade) e para os Transtorno Fóbico-Ansioso. Supõe-se haver uma íntima relação entre todos esses quadros citados e, principalmente na ansiedade da infância, quer seja como co-morbidade ou como manifestações clínicas atípicas da Depressão Infantil. Diagnóstico O Transtorno Depressivo na Infância e Adolescência se caracteriza por uma sintomatologia afetiva de longa duração e está associado a vários outros sinais e sintomas vistos acima, tais como, insônia, irritabilidade, rebeldia, medo, tiques, mudanças nos hábitos alimentares, problemas na escola, na vida social e familiar. Alguns outros sintomas podem acompanhar o Transtorno Depressivo na infância e adolescência em idade escolar, tais como, apatia, tristeza, agressividade, choro, hiperatividade, queixas físicas, medo à morte nele próprio ou nos familiares, frustração, desespero, distração, baixa autoestima, recusa em ir à escola, problemas de aprendizagem e perder interesse por atividades que antes gostava. É tão comum o Transtorno Depressivo na Infância e Adolescência, a ponto de alguns autores recomendarem que, sempre que a criança manifestar tais alterações por um tempo prolongado, deve-se considerar a possibilidade desse diagnóstico. Entretanto, é muito importante determinar se esses sintomas estão, de fato, relacionados com um quadro depressivo ou se são parte das ebulições emocionais normais do desenvolvimento. E, tendo em mente o fato de ser possível que muitos sintomas incluídos na relação apareçam naturalmente como parte das etapas normais de desenvolvimento da infância e adolescência, para se estabelecer um diagnóstico correto de Depressão na criança é necessário avaliar também sua situação familiar, existencial, seu nível de maturidade emocional e, principalmente, sua autoestima. Além das entrevistas com a criança, é muito importante observar sua conduta segundo informações dos pais, professores e outros colegas médicos ou psicólogos, atribuindo pesos adequados a cada uma dessas informações. O diagnóstico da Depressão na Infância tem sido feito em bases predominantemente clínicas, muitas vezes usando-se os mesmos critérios usados para a Depressão do adulto, apesar do quadro ser algo diferente nas crianças, tanto quanto mais jovem for o paciente. Examinando-se a criança, nem sempre encontramos os sintomas claros e francos que descrevem seu estado emocional interno. Um esforço de bom senso e perspicácia deve ser dedicado ao exame clínico, buscando aumentar a possibilidade da criança menor ser compreendida quanto aos seus sentimentos, apesar de tais sentimentos serem de difícil identificação. Em muitos casos, observamos apenas uma maior sensibilidade emocional, choro fácil, inquietação, rebeldia e irritabilidade. As mudanças de comportamento na criança são de extrema importância, tão mais importante quanto mais súbitas forem. Assim, crianças anteriormente bem adaptadas socialmente, passam a apresentar condutas irritáveis, destrutivas, agressivas, com a violação de regras sociais anteriormente aceitas, oposição à autoridade, preocupações e questionamentos de adultos. Esses comportamentos podem ser decorrentes de alterações depressivas. Quando essas alterações não são graves o suficiente para serem consideradas Episódios Depressivos podemos chamá-las de Disforias. As Disforias, que são alterações do humor, são encontradas comumente no cotidiano e não têm, obrigatoriamente, uma conotação de doença. Tratam-se de respostas afetivas aos eventos diários, caracterizando-se pela brevidade do quadro emocional sem comprometimento das condutas adaptativas, sociais, escolares e familiares. Na realidade as Disforias seriam apenas momentos de tristeza, angústia e abatimento moral que surgem em decorrência da problemática existencial normal e cotidiana, tais como as correções dos pais, desinteligências com irmãos, aborrecimentos na escola, etc. A diferenças entre as Disforias e a Depressão seria em relação à evolução benigna das Disforias, o que não acontece quando há importante componente depressivo. A recuperação das vivências traumáticas e estressoras é mais demorada e sempre há algum prejuízo da adaptação. Grosso modo, podemos dizer que as Disforias são mais ou menos fisiológicas na lide com as adversidades diárias, enquanto a Depressão seria uma maneira patológica de reagir à vida. Os quadros que se apresentam como Fobia Escolar, caracterizada pela evitação da escola, por dores inespecíficas, febre sem causa aparente, e outros sintomas obscuros para fugir das aulas, podem refletir altos índices de ansiedade e depressão. Deve-se avaliar a presença de baixa autoestima, perda de prazer e, muitas vezes, até ideação suicida. Podem ser encontradas também, nesses casos, expectativas negativas e pessimistas da vida mas, como a criança tem grandes dificuldades para expressar esses aspectos vivenciais de sua vida ou de seu mundo, essa investigação tem sido muito difícil. Os sintomas físicos e somatizados também podem ocorrer na criança depressiva. Cerca de 30% dos pacientes deprimidos apresenta diminuição de apetite e 30% refere aumento, principalmente nas meninas. Insônia inicial (dificuldade para começar a dormir) também esta freqüentemente presente (60%) e, um pouco menos freqüente, a clássica insônia terminal, que é caracterizada pelo despertar muito cedo. Na fase pré-verbal a criança deprimida pode manifestar o humor rebaixado através de expressões mímicas e do comportamento. A inquietação, o retraimento social, choro freqüente, recusa alimentar, apatia e alterações do sono podem ser indícios de Depressão nesta fase. Na fase pré-escolar as crianças podem somatizar o transtorno afetivo, o qual se manifestará através de dor abdominal, falta do ganho de peso, retardo no desenvolvimento físico esperado para a idade, além da fisionomia triste, irritabilidade, alteração do apetite, hiperatividade e medo inespecíficos. Dos 2-3 anos até a idade escolar a Depressão Infantil pode se manifestar ainda com quadro de Ansiedade de Separação, onde existe sólida aderência da criança à figura de maior contacto (normalmente a mãe), ou até sinais sugestivos de regressão psicoemocional, como trejeitos mais atrasados da linguagem, encoprese e enurese. Na fase escolar, o cansaço, a dificuldade de concentração, as alterações da memória, a astenia e adinamia são as complicações da Depressão Infantil que comprometem muito o rendimentos escolar e aprendizagem (veja Dificuldades Escolares). Essa confrontação continuada com o fracasso acaba fazendo com que o nível de autoestima também se comprometa, podendo levar a criança a apresentar desde isolamento social até Transtornos de Conduta (pseudo Transtorno de Conduta, na realidade). Para essas alterações afetivas possíveis na primeira infância a Organização Mundial de Saúde (OMS) elaborou uma série de critérios de observação. Foi um grande passo na descrição das manifestações de transtornos psicológicos nesta faixa etária, dividindo-os em duas categorias: 1. Reação de Abandono (ou de Dor e Aflição Prolongadas), que é específica das situações onde falta a figura materna ou de um cuidador afetivamente adequado, e 2. Depressão da Infância Precoce. A socialização da criança em idade escolar com Depressão Infantil pode estar comprometida e se manifesta através do isolamento social, das dificuldades de relação interpessoal, com sintomas de alteração afetiva (irritabilidade). Na primeira infância, entretanto, se detectam estas alterações quando o lactente é pouco comunicativo, confundido normalmente com um bebê muito bonzinho ou, por outro lado, podem manifestar a depressão com irritabilidade (bebês irritáveis, com tendência a a hiperexcitabilidade), ou ainda, com aversão à estranhos (bebês que estranham demasiado as mínimas mudanças em seu entorno). O bebê afetivamente sensível pode ter dificuldades em relação ao apego. O apego é um impulso primário como parte de um processo de seleção natural, portanto, inato. Existem importantes diferenças individuais no estabelecimento das condutas de apego e na elaboração dos vínculos. O apego é uma resposta de busca de proteção necessária à sobrevivência da espécie. A afetividade normal se relaciona com um apego seguro, desde a lactância até três anos e meio mas, certos padrões inseguros de apego podem ocorrer quando existe alguma tendência depressiva. O padrão de apego desenvolvido desde tenra idade será uma das molas mestras para futuros sentimentos de conforto e segurança determinados pelas relações posteriores. Quando os lactentes são separados bruscamente de sua figura de apego, como é o caso de uma hospitalização precoce, ou mesmo um abandono, suas reações tendem a seguir um padrão semelhante ao processo de luto do adulto. Assim, em uma primeira fase, o lactente bruscamente separado pode manifestar ira e desespero. Na segunda fase dessa separação a criança tende a ficar apática, quase imóvel. É a fase de desapego ou indiferença. Nessa etapa a criança não manifesta mais emoções diante do reencontro com a figura com a qual antes era apegado. Essa experiência de perda não se relaciona com as necessidades de alimento, mas de calor, carinho ou contacto. Dois fatores têm especial significado para estabelecer as características da separação: o temperamento da criança e as características pessoais da figura materna. Quanto mais sensível afetivamente for a criança, maiores os prejuízos futuros que a separação ou abandono proporcionarão. Veja abaixo a sucessão de acontecimentos de Dor e Aflição que podem ocorrer durante a separação ou abandono. 1. Reação de Dor e Aflição Prolongadas: Este estado pode se manifestar por qualquer etapa da seqüência: protesto, desespero e desinteresse. 1. A criança chora, chama e busca ao progenitor ausente, recusando quaisquer tentativas de consolo por outras pessoas. 2. Retraimento emocional que se manifesta por letargia, expressão facial de tristeza e falta de interesse nas atividades apropriadas para a idade. 3. Desorganização dos horários de comer e dormir. 4. Regressão ou perda de hábitos já adquiridos, como por exemplo, fazer xixi e/ou coco na roupa (ou cama), falar como se fosse mais novo. 5. Desinteresse paradoxal, que se manifesta por indiferença às recordações da figura cuidadora (fotografia ou menção do nome), ou mesmo uma espécie de "ouvido seletivo", que parece não reconhecer essas pessoas. 6. Como comportamento alternativo, a criança pode mostrar-se exatamente ao contrário das características acima; torna-se extremamente sensível a qualquer recordação do(a) cuidador(a), apresentando mal estar agudo diante de qualquer estímulo que lembre da pessoa. Luto da Criança Para entender o impacto que causa na criança a perda por morte de uma figura de forte apego afetivo (mãe, pai, irmãos), é preciso entender a teoria do apego, inicialmente pesquisada por Bowlby. Segundo maravilhoso trabalho de Cecília Casali Oliveira, existem 3 fases do luto, assim caracterizadas: "Busca ou protesto - o intenso desejo de recuperação da pessoa amada e perdida, que leva a comportamentos de busca inócua, produz uma forte reação de protesto pela impossibilidade de se alcançar o objetivo desejado. Desespero e desorganização - o conflito permanente entre o desejo e sua frustração, leva ao desespero, pois não se abdica do vínculo estabelecido com facilidade e sem sofrimento. O pensamento, constantemente concentrado nessa tarefa, deixa pouca possibilidade para dedicar-se a outras atividades, revelando o quanto é importante o trabalho de busca de uma resolução para o conflito; o mundo parece estar fora de contexto para o enlutado, tanto quanto este parece estar fora de contexto para o mundo. Recuperação e restituição - o conflito pode ser solucionado a partir de uma nova construção do vínculo com o falecido, o que preserva a relação em um outro patamar; o sofrimento diminui gradualmente, permitindo um retorno da atenção para o mundo e trazendo a possibilidade do estabelecimento de novas relações." (veja o site) Ainda de acordo com Cecília Casali Oliveira, "Stroebe, Stroebe e Hansson (1993) apresentam um levantamento das respostas emocionais esperadas no processo normal de enlutamento. Acrescentam que, em casos de luto complicado, esses aspectos podem apresentar-se com intensidade ou duração alteradas, apontando para a impossibilidade de se caminhar dentro do processo esperado e constituindo-se um indicativo da não resolução do luto. 1) Choque, entorpecimento e dificuldade de acreditar na realidade; 2) Pesar e tristeza, acompanhados por dor mental e sofrimento, com choro e lamentação; 3) Senso de perda devido ao reconhecimento da ausência e da impossibilidade de recuperação; 4) Raiva é comum e pode se voltar contra a pessoa falecida, familiares, médicos, amigos e mesmo contra o próprio ego; 5) Culpa e arrependimento, que aparecem sob as formas: culpa por sobreviver, pela responsabilidade da morte ou pelo sofrimento que ela trouxe e, ainda, pela deslealdade do falecido; 6) Ansiedade e receios que aparecem sob a forma de insegurança, medos ou crises de angústia; 7) Imagens repetitivas da pessoa falecida próxima da morte, da doença, com caráter intrusivo e fora de controle; 8) Desorganização mental apresentando graus variados de distração, confusão, esquecimento ou falta de coerência; 9) Sobrecarga de tarefas e dificuldades para sua realização, que trazem a sensação de estar perdendo o controle, de desamparo e de sentir-se incapaz de enfrentar a realidade; 10) Alívio, especialmente após doença longa e sofrida, pelo término do sofrimento; 11) Solidão, que se expressa como sentir-se só mesmo quando em grupo e com picos de sentimentos intensos de isolamento; 12) Sentimentos positivos também aparecem, a intervalos, em meio ao pesar." 2. Depressão da Infância Precoce: 1. Estado de ânimo deprimido ou irritável 2. Interesse e prazer diminuídos nas atividades apropriadas para seu desenvolvimento, 3. Capacidade reduzida para protestar, 4. Repertório diminuído de interações sociais e de iniciativas. 5. Perturbações no sono e/ou na alimentação, 6. Perda de peso. 7. Sintomas presentes durante um período de pelo menos duas semanas Em crianças no final da 2a infância (dos 6 aos 12 anos), podemos encontrar quadros de base depressiva mais típicas, mas nem sempre. Quando a depressão é muito grave, o que felizmente não é tão comum, sintomas francamente psicóticos também podem aparecer, tais como idéias delirantes, alucinações, e severo prejuízo das atividades sócio-familiares, incluindo a escola. As idéias suicidas também não são raras, embora dificilmente antes dos 10 anos de idade. Dentro da Depressão Infantil atípica, a mais comum, podemos ainda encontrar crianças erroneamente tomadas por delinqüentes e, não raro, crianças que chegam de fato ao suicídio. Tendo em vista a elevada incidência da Depressão Infantil registrada por inúmeros autores, será lícito e sensato pensar sempre na possibilidade depressiva diante de qualquer criança problemática. Suicídio No adolescente a relação depressão-suícidio é bastante significativa. A grande maioria dos adolescentes suicidas (94%) apresenta problemas psiquiátricos, sendo a Depressão o mais importante deles (51%). O suicídio de adolescentes é, atualmente, o responsável mais importante que doenças cardiovasculares ou o câncer pelas mortes de jovens de 15 a 19 anos . Em nosso meio, Friedrich (1989) observa a ocorrência de alterações emocionais merecedoras de tratamento médico em dois terços da população estudada, e sem relações diretas com nível intelectual e sócio-cultural dos pacientes. Concomitantemente, refere que a tentativa familiar de negar o fato como o principal responsável pelas dificuldades de atendimento do paciente em questão. Assim, reforça-se mais uma vez a necessidade de um diagnóstico fidedigno da depressão na criança e no adolescente. A taxa do suicídio para adolescentes aumentou mais do que 200% na última década. Os estudos recentes mostram que mais de 20% dos adolescentes na população geral tenha problemas emocionais e um terço dos adolescentes que procuram clínicas psiquiátricas sofrem de depressão. A grande maioria das depressões em adolescentes pode ser muito bem controlada ambulatorialmente e com a sustentação da família com muito sucesso . Os atos suicidas geralmente estão associados com uma crise depressiva aguda e significativa na vida do adolescente. É importante reforçar que a crise pode parecer insignificante aos adultos ao redor, mas é sempre muito significativa ao adolescente. A perda de um namoro, de uma nota na escola ou a constatação de uma crítica pejorativa adulto significativo, especialmente o pai ou um professor, pode precipitar um ato suicida no paciente depressivo.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009


O que é o TDAH?
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD.
Existe mesmo o TDAH?
Ele é reconhecido oficialmente por vários países e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em alguns países, como nos Estados Unidos, portadores de TDAH são protegidos pela lei quanto a receberem tratamento diferenciado na escola.
Não existe controvérsia sobre a existência do TDAH?
Não, nenhuma. Existe inclusive um Consenso Internacional publicado pelos mais renomados médicos e psicólogos de todo o mundo a este respeito. Consenso é uma publicação científica realizada após extensos debates entre pesquisadores de todo o mundo, incluindo aqueles que não pertencem a um mesmo grupo ou instituição e não compartilham necessariamente as mesmas idéias sobre todos os aspectos de um transtorno.
Por que algumas pessoas insistem que o TDAH não existe?
Pelas mais variadas razões, desde inocência e falta de formação científica até mesmo má-fé. Alguns chegam a afirmar que “o TDAH não existe”, é uma “invenção” médica ou da indústria farmacêutica, para terem lucros com o tratamento.
No primeiro caso se incluem todos aqueles profissionais que nunca publicaram qualquer pesquisa demonstrando o que eles afirmam categoricamente e não fazem parte de nenhum grupo científico. Quando questionados, falam em “experiência pessoal” ou então relatam casos que somente eles conhecem porque nunca foram publicados em revistas especializadas. Muitos escrevem livros ou têm sítios na Internet, mas nunca apresentaram seus “resultados” em congressos ou publicaram em revistas científicas, para que os demais possam julgar a veracidade do que dizem.Os segundos são aqueles que pretendem “vender” alguma forma de tratamento diferente daquilo que é atualmente preconizado, alegando que somente eles podem tratar de modo correto. Tanto os primeiros quanto os segundos afirmam que o tratamento do TDAH com medicamentos causa conseqüências terríveis. Quando a literatura científica é pesquisada, nada daquilo que eles afirmam é encontrado em qualquer pesquisa em qualquer país do mundo. Esta é a principal característica destes indivíduos: apesar de terem uma “aparência” de cientistas ou pesquisadores, jamais publicaram nada que comprovasse o que dizem.
Veja um texto a este respeito e a resposta dos Professores Luis Rohde e Paulo Mattos:
Why I Believe that Attention Deficit Disorder is a MythPorque desinformação, falta de raciocínio científico e ingenuidade constituem uma mistura perigosa
O TDAH é comum?
Ele é o transtorno mais comum em crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados. Ele ocorre em 3 a 5% das crianças, em várias regiões diferentes do mundo em que já foi pesquisado. Em mais da metade dos casos o transtorno acompanha o indivíduo na vida adulta, embora os sintomas de inquietude sejam mais brandos.
Quais são os sintomas de TDAH?
O TDAH se caracteriza por uma combinação de dois tipos de sintomas:
1) Desatenção2) Hiperatividade-impulsividade
O TDAH na infância em geral se associa a dificuldades na escola e no relacionamento com demais crianças, pais e professores. As crianças são tidas como "avoadas", "vivendo no mundo da lua" e geralmente "estabanadas" e com "bicho carpinteiro" ou “ligados por um motor” (isto é, não param quietas por muito tempo). Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos. Crianças e adolescentes com TDAH podem apresentar mais problemas de comportamento, como por exemplo, dificuldades com regras e limites.
Em adultos, ocorrem problemas de desatenção para coisas do cotidiano e do trabalho, bem como com a memória (são muito esquecidos). São inquietos (parece que só relaxam dormindo), vivem mudando de uma coisa para outra e também são impulsivos ("colocam os carros na frente dos bois"). Eles têm dificuldade em avaliar seu próprio comportamento e quanto isto afeta os demais à sua volta. São freqüentemente considerados “egoístas”. Eles têm uma grande freqüência de outros problemas associados, tais como o uso de drogas e álcool, ansiedade e depressão.
Quais são as causas do TDAH?
Já existem inúmeros estudos em todo o mundo - inclusive no Brasil - demonstrando que a prevalência do TDAH é semelhante em diferentes regiões, o que indica que o transtorno não é secundário a fatores culturais (as práticas de determinada sociedade, etc.), o modo como os pais educam os filhos ou resultado de conflitos psicológicos.
Estudos científicos mostram que portadores de TDAH têm alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do cérebro. A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas no ser humano em comparação com outras espécies animais e é responsável pela inibição do comportamento (isto é, controlar ou inibir comportamentos inadequados), pela capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento.
O que parece estar alterado nesta região cerebral é o funcionamento de um sistema de substâncias químicas chamadas neurotransmissores (principalmente dopamina e noradrenalina), que passam informação entre as células nervosas (neurônios). Existem causas que foram investigadas para estas alterações nos neurotransmissores da região frontal e suas conexões.
A) Hereditariedade:Os genes parecem ser responsáveis não pelo transtorno em si, mas por uma predisposição ao TDAH. A participação de genes foi suspeitada, inicialmente, a partir de observações de que nas famílias de portadores de TDAH a presença de parentes também afetados com TDAH era mais freqüente do que nas famílias que não tinham crianças com TDAH. A prevalência da doença entre os parentes das crianças afetadas é cerca de 2 a 10 vezes mais do que na população em geral (isto é chamado de recorrência familial).
Porém, como em qualquer transtorno do comportamento, a maior ocorrência dentro da família pode ser devido a influências ambientais, como se a criança aprendesse a se comportar de um modo "desatento" ou "hiperativo" simplesmente por ver seus pais se comportando desta maneira, o que excluiria o papel de genes. Foi preciso, então, comprovar que a recorrência familial era de fato devida a uma predisposição genética, e não somente ao ambiente. Outros tipos de estudos genéticos foram fundamentais para se ter certeza da participação de genes: os estudos com gêmeos e com adotados. Nos estudos com adotados comparam-se pais biológicos e pais adotivos de crianças afetadas, verificando se há diferença na presença do TDAH entre os dois grupos de pais. Eles mostraram que os pais biológicos têm 3 vezes mais TDAH que os pais adotivos.
Os estudos com gêmeos comparam gêmeos univitelinos e gêmeos fraternos (bivitelinos), quanto a diferentes aspectos do TDAH (presença ou não, tipo, gravidade etc...). Sabendo-se que os gêmeos univitelinos têm 100% de semelhança genética, ao contrário dos fraternos (50% de semelhança genética), se os univitelinos se parecem mais nos sintomas de TDAH do que os fraternos, a única explicação é a participação de componentes genéticos (os pais são iguais, o ambiente é o mesmo, a dieta, etc.). Quanto mais parecidos, ou seja, quanto mais concordam em relação àquelas características, maior é a influência genética para a doença. Realmente, os estudos de gêmeos com TDAH mostraram que os univitelinos são muito mais parecidos (também se diz "concordantes") do que os fraternos, chegando a ter 70% de concordância, o que evidencia uma importante participação de genes na origem do TDAH.
A partir dos dados destes estudos, o próximo passo na pesquisa genética do TDAH foi começar a procurar que genes poderiam ser estes. É importante salientar que no TDAH, como na maioria dos transtornos do comportamento, em geral multifatoriais, nunca devemos falar em determinação genética, mas sim em predisposição ou influência genética. O que acontece nestes transtornos é que a predisposição genética envolve vários genes, e não um único gene (como é a regra para várias de nossas características físicas, também). Provavelmente não existe, ou não se acredita que exista, um único "gene do TDAH". Além disto, genes podem ter diferentes níveis de atividade, alguns podem estar agindo em alguns pacientes de um modo diferente que em outros; eles interagem entre si, somando-se ainda as influências ambientais. Também existe maior incidência de depressão, transtorno bipolar (antigamente denominado Psicose Maníaco-Depressiva) e abuso de álcool e drogas nos familiares de portadores de TDAH.
B) Substâncias ingeridas na gravidez:Tem-se observado que a nicotina e o álcool quando ingeridos durante a gravidez podem causar alterações em algumas partes do cérebro do bebê, incluindo-se aí a região frontal orbital. Pesquisas indicam que mães alcoolistas têm mais chance de terem filhos com problemas de hiperatividade e desatenção. É importante lembrar que muitos destes estudos somente nos mostram uma associação entre estes fatores, mas não mostram uma relação de causa e efeito.
C) Sofrimento fetal:Alguns estudos mostram que mulheres que tiveram problemas no parto que acabaram causando sofrimento fetal tinham mais chance de terem filhos com TDAH. A relação de causa não é clara. Talvez mães com TDAH sejam mais descuidadas e assim possam estar mais predispostas a problemas na gravidez e no parto. Ou seja, a carga genética que ela própria tem (e que passa ao filho) é que estaria influenciando a maior presença de problemas no parto.
D) Exposição a chumbo:Crianças pequenas que sofreram intoxicação por chumbo podem apresentar sintomas semelhantes aos do TDAH. Entretanto, não há nenhuma necessidade de se realizar qualquer exame de sangue para medir o chumbo numa criança com TDAH, já que isto é raro e pode ser facilmente identificado pela história clínica.
E) Problemas Familiares:Algumas teorias sugeriam que problemas familiares (alto grau de discórdia conjugal, baixa instrução da mãe, famílias com apenas um dos pais, funcionamento familiar caótico e famílias com nível socioeconômico mais baixo) poderiam ser a causa do TDAH nas crianças. Estudos recentes têm refutado esta idéia. As dificuldades familiares podem ser mais conseqüência do que causa do TDAH (na criança e mesmo nos pais).
Problemas familiares podem agravar um quadro de TDAH, mas não causá-lo.
F) Outras CausasOutros fatores já foram aventados e posteriormente abandonados como causa de TDAH: 1. corante amarelo2. aspartame3. luz artificial 4. deficiência hormonal (principalmente da tireóide)5. deficiências vitamínicas na dieta.
Todas estas possíveis causas foram investigadas cientificamente e foram desacreditadas.

sábado, 28 de novembro de 2009


Fobia Escolar

A fobia escolar é caracterizada quando a criança falta à escola com queixas de sintomas vagos. A criança com medo de ir à escola pode também ter medo de sair de casa. A independência de uma criança começa quando ela vai à escola. Atualmente, a criança frequenta a escolinha ou creches com tenra idade. A separação dos pais, principalmente da mãe, pode ser muito penosa para ela. Geralmente, esta mãe é orientada para que fique com a criança na escola nos primeiros dias, até que a criança se acostume com sua nova rotina. Aos poucos, a menina ou o menino se adaptam e começam a gostar do novo ambiente. Interagem com os novos coleguinhas e os professores. O medo de ir à escola pode ser causado por vários fatores: uma professora nova e exigente, dificuldades numa determinada matéria, timidez, dificuldade de relacionamento com os coleguinhas, um colega de temperamento difícil. Como deve agir a mãe de um filho com fobia escolar? Conversar com ele, amenizar sua ansiedade dizendo que fará o possível para que os problemas na escola sejam solucionados. Estimular a criança a frequentar as aulas. Comunicar à escola, a dificuldade da criança. O professor e o psicólogo escolar ajudarão a criança e os pais a enfrentar o problema. Se ela tiver qualquer queixa vaga de sintoma físico poderá ser orientada a descansar um pouco na própria escola e ser observada. Sempre deve ser estimulada a ficar na escola. O acompanhamento dos professores e terapeuta escolar será muito importante para a criança. A melhor solução para fobia escolar é ir diariamente à escola. Se você não exigir que a criança vá à escola diariamente, as queixas de mal estar físico vão aumentar. Pais muito rígidos ou protetores demais podem desenvolver na criança a ansiedade de separação. Na escola, sentem saudade dos pais. Não interagem com os amiguinhos. Fazer amizade com crianças da mesma idade desenvolve a independência e pode amenizar a timidez. Os pais de Maria Lúcia insistiam sempre para que a criança não faltasse às aulas. Com muita conversa e bate papo e a ajuda do psicóloga escolar, o problema foi resolvido em 15 dias. A colega agressiva era apenas parte do problema. Maria Lúcia era um criança muito insegura e tímida. Precisou de orientação psicológica da terapeuta escolar durante algum tempo. Jessica foi levada ao médico pelos pais e afastada a suspeita de doença física. O mal estar era causado pela separação dos pais. A menina era filha única. Através da ludoterapia, Jessica superou o medo da perda dos pais( ansiedade de separação) e voltou a frequentar à escola. Os pais de Luisinho comunicaram à professora os temores do menino. Aos poucos, com muita firmeza dos pais, o menino voltou às aulas. A professora estava sendo muito rigorosa nos ensaios do coral o que ocasionou parte do problema de fobia escolar na criança. Ana precisou de tratamento psicológico durante alguns meses. Com a psicoterapia, tratou as causas profundas da sua fobia escolar: timidez, início de depressão e pais muito protetores. Os pais eram espíritas e ela também foi submetida a passes semanais numa casa espírita. As queixas de mal estar e visões desapareceram aos poucos. Recomendações aos pais da criança com fobia escolar: - Converse com seu filho sobre o medo de ir à escola. - Insista para que vá à escola. Os temores enfrentados tendem a desaparecer. Insista com firmeza e não com agressividade e ameaças de castigos ou punições. O comportamento muito rígido dos pais diante da fobia escolar poderá aumentar a insegurança da criança. - Se você insistir para que a criança vá à escola diariamente, a fobia escolar melhorará em torno de uma a duas semanas . - Comunique à escola o problema da criança. - Quanto mais tempo a criança ficar em casa, mas difícil será voltar à escola. Observações importantes: - Procure ajuda médica o quanto antes, se perceber que a causa dos sintomas pode ser mais física do que emocional. - Não deixe que seu filho vá à escola com febre alta, dores fortes, tosses frequentes. Observe a criança e a leve ao médico no primeiro dia que ela ficar em casa. - Procure ajuda psicológica se a fobia escolar voltar a apresentar-se depois de uma melhora. - Quando observar na criança, além da fobia escolar, alguns distúrbios de comportamento como: depressão, desânimo, tristeza permanente, outros temores, procure ajuda profissional o quanto antes. - Se os pais tiverem qualquer dúvida em relação à fobia escolar do seu filho, procure ajuda profissional o quanto antes e comunique imediatamente à escola.


Agressividade

Pais ausentes:

A falta de relação afetivo/corporal entre pais e filhos é o primeiro passo para o estabelecimento de um comportamento agressivo.
Pais distantes que tem pouco ou nenhum contato afetuoso, podem desenvolver em seus filhos uma relação de afastamento com a figura de "PODER" gerando em seus filhos uma relação AMOR/ÓDIO muito forte.
Esta relação AMOR/ÓDIO é um dos principais "FATORES" da agressividade.
O amor geralmente é dirigido a "OBJETOS", ou melhor, na "POSSE" material, e o "ÓDIO" à quem "TEM" (materialmente ou hierarquicamente).
"TER"significa "PODER".
"SER" é secundário, pois "SOU" na medida que "TENHO".
Quanto mais "TENHO" mais "EXISTO".
Acontece que na maioria dos casos estas crianças, por falhas em sua formação tem dificuldades em investir "DE SI" para "OBTER ou "ATINGIR" algum objetivo.
Assim podem partir para comportamentos "SOCIOPÁTICOS" na vida adolescente e/ou adulta.
É uma porta para o uso de "DROGAS" ( criar um mundo artificial), para os comportamentos de "TIRAR DOS OUTROS AQUILO QUE DESEJA" ( furtar, roubar,etc.), para a necessidade do "USO DE ARMAS" (sentir-se mais forte, mais poderoso, etc.).
"Tiro do mundo aquilo que me foi negado!
"Tudo que é contrário a meus interêsses ou minha ideologia tem que ser lesado pois esta errado"!
"Tudo que é contra ou interfere em meus desejos eu destruo."

O inverso:

Pais superprotetores:

Pais extremamente presentes que superprotegem e inibem a liberdade de expressão dos filhos podem gerar a "IDÉIA" de que eles são "INATINGÍVEIS", são o "CENTRO DO MUNDO". Este "EGOCENTRISMO" gera quase sempre um comportamento agressivo contra as figuras hierarquicamente superiores, pois é dificil seguir ou obedecer regulamentos.
Eles "ME IMPEDEM OU DIFICULTAM" fazer "O QUE QUERO, DA FORMA QUE QUERO, NA HORA QUE QUERO"!
"Tudo que é contrário a meus interêsses ou minha ideologia tem que ser afastado pois está errado"!

Outra forma:

Pais agressivos:

Pais que usam o bater como "FORMA PEDAGÓGICA" ou que agridem para impôr "RESPEITO", podem estar gerando uma repetição "AMPLIADA"deste comportamento nos filhos.
"Aquilo que quero consigo sempre, nem que for preciso usar da minha força, da agressividade, ou de qualquer outra forma que consiga me impor"! "Tudo que é contrário a meus interêsses ou minha ideologia tem que ser destruido pois está errado"!

O período de Socialização
( os primeiros anos da vida escolar)

Estes 3 casos podem ser vistos no período de socialização muito claramente:
-Crianças extremamente "COMPORTADAS" podem só estar acumulando "ÓDIO" por não conseguir vencer suas barreiras e se "EXPRESSAR".
-Crianças extremamente "DESCOMPORTADAS" podem já estar expressando suas dificuldades de seguir ou obedecer "NORMAS".
-Crianças com extrema "DIFICULDADE" em aprender ou se concentrar podem já estar expressando sua "REBELDIA".
-Crianças que não conseguem "DIVIDIR OU COMPARTILHAR" brinquedos podem já estar expressando sua necessidade de "POSSE".
-Crianças com "DIFICULDADES" ou "AGRESSIVAS" na participação de brincadeiras em grupo podem já estar expressando sua falta de aceitação às "NORMAS".

O pré-adolescente ou o adolescente:


Que procura "GRUPOS COM IDÉIAS" contrárias às normas,
procura para impor as suas.
Que pocura "GANGS" com comportamento agressivo,
procura para se sentir mais forte.
Que procura "GRUPO QUE USA DROGAS",
procura porque não precisa dar nada de si nem é exigido em nada.
Que procura usar "ARMAS",
procura para ter "Poder".
Que usa o "CARRO" para correr e mostrar sua habilidade na velocidade,
o faz para estar "Além" das normas.
Que usa o carro como uma "EXPRESSÃO DE PODER", desrespeitando normas como:
"farol vermelho, faixa de pedestres, estacionamento irregular, não admitindo que ninguém o ultrapasse, querendo levar sempre vantagem".
Está mostrando claramente sua fragilidade emocional manifesta na agressividade e é um forte candidato a "Ser um adulto Agressivo".

Como evitar ou corrigir?

Procure ser mais afetuoso com seus filhos.
Não economize afeto nem contato corporal. A criança precisa ser "alimentada afetivamente" para depois ter afeto para dar.
Não use ameaças e/ou castigos corporais em excesso pois a criança pode se acostumar e achar que é uma forma correta de expressão.
Não dê "ARMAS DE BRINQUEDO" pois a criança pode "gostar do suposto poder" que a arma tráz.
Não superproteja seus filhos.
Permita que eles experimentem e aprendam pelo próprio esforço (nem que eles falhem ou errem).
Falhar é bom para aprender a enfrentar desafios.
Não estimulem a relação de posse.
Incetivem a criança a dividir seus brinquedos na brincadeira.
Não isolem seus filhos.
Incentivem a participação de atividades de grupo pois faciltará na vida adulta o convívio social.
PERMITA-SE admitir estar errado, quando falhar na presença de seus filhos.
Eles precisam de "PAIS HUMANOS" e saber que "ERRAR É HUMANO".
Não se mostre ONIPOTENTE na presença dos filhos.
Eles precisam de pais ao alcance deles não de ídolos distantes!
Permita-se dizer "NÃO SEI" em vez de dizer "agora não tenho tempo ou não posso ou pergunte para ...!
Com certeza eles ficarão mais felizes por ter um pai ao alcance de seu conhecimento, "um pai presente".
Não desrepeite "NORMAS" na presença de seus filhos, pois eles vão aprimorar os erros vistos nos pais.
No trânsito faça um esforço, siga as normas.( pelo menos na presença deles)
Assim ainda chegaremos a um trânsito mais educado e com menos acidentes.
Participe mais da vida de seus filhos.
Assim não correrá riscos de surpresas pois as expectativas deles serão de seu conhecimento e terão sua participação.


terça-feira, 24 de novembro de 2009


Transtorno Bipolar

O transtorno bipolar do humor na infância e na adolescência é uma condição grave, que afeta seus relacionamentos familiares e sociais de uma forma geral e há prejuízo acentuado do rendimento escolar. Apresenta como característica principal a alteração do humor que pode apresentar-se exaltado ou irritável e essa mudança súbita de humor comumente produz ataques prolongados de raiva ou agressividade, chamado também de tempestades comportamentais.

As tempestades comportamentais estão associadas com irritabilidade, ataques de fúria, impulsividade, dificuldade nos relacionamentos e brigas com colegas, familiares e esse temperamento agressivo causa piora dos sintomas opositivos e desafiadores comumente presentes em crianças e adolescentes.

Na escola é observado piora no desempenho escolar, acompanhado de grande dificuldade de concentração, hiperatividade, agressividade, labilidade afetiva, auto-estima aumentada, hipersexualidade, com presença de piadas de caráter sexual ou desejos de realização do ato ocorrendo com grande inadequação na maneira de agir e pensar. Outros sintomas freqüentes incluem euforia, pressão para falar, agitação psicomotora, pensamentos rápidos com relatos de que não conseguem fazer nada devido pensamentos que não param de “correr em suas mentes”, conflito de idéias, insônia, envolvimento excessivo em atividades prazerosas que apresentam potencial elevado de conseqüências negativas, afeto inapropriado e excitabilidade.

Pensamentos mágicos com idéias de grandeza, riqueza, poder e a utilização vestimentas coloridas e exóticas podem estar presentes. Nas adolescentes pode ser observado o excesso na maquiagem e uso de roupas excessivamente coloridas e extravagantes.


Dislexia

O maior erro que se pode fazer com os disléxicos é querer que eles escrevam como todo mundo.

Dislexia Definida como um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração, a dislexia é o distúrbio de maior incidência nas salas de aula. Pesquisas realizadas em vários países mostram que entre 05% e 17% da população mundial é disléxica.



Sinais de Alerta:


Como a dislexia é genética e hereditária, se a criança possuir pais ou outros parentes disléxicos quanto mais cedo for realizado o diagnóstico melhor para os pais, à escola e à própria criança.

A criança poderá passar pelo processo de avaliação realizada por uma equipe multidisciplinar especializada (vide adiante), mas se não houver passado pelo processo de alfabetização o diagnóstico será apenas de uma "criança de risco".

Haverá sempre: dificuldades com a linguagem e escrita ; dificuldades em escrever; dificuldades com a ortografia; lentidão na aprendizagem da leitura;

Haverá muitas vezes : disgrafia (letra feia); discalculia, dificuldade com a matemática, sobretudo na assimilação de símbolos e de decorar tabuada; dificuldades com a memória de curto prazo e com a organização’; dificuldades em seguir indicações de caminhos e em executar seqüências de tarefas complexas; dificuldades para compreender textos escritos; dificuldades em aprender uma segunda língua.
Haverá às vezes: dificuldades com a linguagem falada; dificuldade com a percepção espacial; confusão entre direita e esquerda
.

terça-feira, 17 de novembro de 2009


BULIMIA NERVOSA


Bulimia nervosa é uma disfunção alimentar. Tem incidência maior a partir da adolescência e prevalência de 3 a 7% da população, embora seja difícil mapear o real número de pessoas que sofrem da doença, uma vez que ela está cercada de preconceitos e é difícil para o próprio doente confessar seu problema. Cerca de 90% dos casos ocorre em mulheres. A pessoa bulímica, de acordo com os critérios diagnósticos do CID 10, tende a apresentar períodos em que se alimenta em excesso, muito mais do que a maioria das pessoas conseguiriam se alimentar em um determinado espaço de tempo, seguidos pelo sentimento de culpa. Exite também trabalhos acadêmicos recentes relatando que a ingestão alimentar excessiva caracteriza-se muitas vezes pelo sentimento subjetivo de excesso do que excesso propriamente dito.
A bulimia costuma causar sofrimento psíquico e afeta áreas diversas do sujeito. O bulimíco não tem prejuízo somente da sua relação com a comida ou da sua relação com seu corpo. Ele se vê afetado em suas relações sociais - uma vez que festas e confraternizações envolvem alimentação. Ele se vê atormentado por uma questão que lhe é cotidiana (alimentação) e que não pode ser evitada, uma vez que todo indivíduo precisa se alimentar.Isso demonstra a dificuldade de se lidar com o transtorno alimentar (tanto para o sujeito que se vê afetado, quanto pelos demais à sua volta) É o transtorno alimentar caracterizado por episódios recorrentes de "orgias alimentares", no qual o paciente come num curto espaço de tempo grande quantidade de alimento como se estivesse com muita fome. O paciente perde o controle sobre si mesmo e depois tenta vomitar e/ou evacuar o que comeu, através de artifícios como medicações, com a finalidade de não ganhar peso.

Causas
Suas causas são cobrança a si mesmo por se achar acima do peso, algumas vezes cobranças dos próprios pais.Por se sentir gorda(o), por nunca estar magra o suficiente, por se olhar no espelho e se ver gorda mesmo não sendo, criando um estereótipo de beleza imposto pela mídia, por amigas e pela própria sociedade no qual quer um padrão físico estável.

Complicações
Diminuição da pressão e da temperatura corporal, levando o indivíduo a ser menos tolerante ao frio;
Desmaios e fraqueza
Enfraquecimento dos dentes (cárie)
Dores de garganta (pelo ato de forçar o vômito)
Sangramento do tubo digestivo (vomito com sangue)
Úlcera

Tratamento
Psicoterapia, aconselhamento dietético e tratamento medicamentoso são as principais vertentes. Na maioria das vezes os pacientes não precisam ser internados, devendo ser acompanhados ambulatorialmente. Os medicamentos mais utilizados e estudados são os anti-depressivos, como os tricíclicos e os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS).

sábado, 14 de novembro de 2009


DISLALIA
Dislalia – Troca de Letras na Fala
A dislalia é um distúrbio da fala que se caracterizado pela dificuldade de articulação de palavras: o portador da dislalia pronuncia determinadas palavras de maneira errada, omitindo, trocando, transpondo, distorcendo ou acrescentando fonemas ou sílabas a elas.
Quando se encontra um paciente dislálico, deve-se examinar as os órgãos da fala e da audição a fim de se detectar se a causa da dislalia é orgânica (mais rara de acontecer, decorrente de má-formação ou alteração dos órgãos da fala e audição), neurológica ou funcional (quando não se encontra qualquer alteração física a que possa ser atribuída a dislalia).
A dislalia também pode interferir no aprendizado da escrita tal como ocorre com a fala. A maioria dos casos de dislalia ocorre na primeira infância, quando a criança está aprendendo a falar. As principais causas, nestes casos, decorrem de fatores emocionais, como, por exemplo, ciúme de um irmão mais novo que nasceu, separação dos pais ou convivência com pessoas que apresentam esse problema (babás, por exemplo, que dizem “pobrema”, “Framengo”, etc.), e a criança acaba assimilando essa deficiência.
O Fonoaudiólogo Simon Wajntraub alerta:
Se algum fonoaudiólogo resolver tratar o problema de dislalia do seu filho através das famigeradas e ultrapassadas "técnicas" de rolha na boca, línguas-de-sogra, pedrinhas, canudinhos, vibradores, etc., saiam correndo, porque vai ser uma perda total de tempo e dinheiro!
Uma recomendação fundamental para impedir o desenvolvimento da dislalia é para que os pais e familiares do dislálico não fiquem achando engraçadinho quando a criança pronuncia palavras de maneira errada, como “Tota-Tola”, ao invés de “Coca-Cola”.
Há alguns casos comuns específicos de dislalia, que envolvem pronúncia do "K" do "G", nos quais, por falta de motilidade do palato mole, a pessoa omite tais fonemas (por exemplo, falando "ato" ao invés de "gato"; "ma'a'o" ao invés de MACACO). O "R" brando (que é pronunciado através da vibração da ponta da língua atrás dos dentes incisivos superiores); em muitos dos casos de dislalia, o "R" também costuma ser omitido ou pronunciado guturalmente (a pessoa fala como se fosse um francês ou um alemão falando Português).
As trocas de letras mais comuns provocadas pela dislalia são de "P" por "B", "F" por "V", "T" por "D", "R" por "L", "F" por "S", "J" por "Z" e "X" por "S".
para a frente em forma de concha acústica com as mãos e começar a falar para se ouvir através do reflexo do som na parede).
É muito perigoso quando se vê na televisão, principalmente em programas cômicos ou desenhos animados, personagens que apresentam essa deficiência de troca de fonemas, a dislalia. Tais personagens acabam influenciando negativamente os pacientes, sobretudo as crianças e os adolescentes, que são mais influenciáveis por certos modismos que aparecem a todo momento.
Uma outra orientação importante que o Fonoaudiólogo Simon Wajntraub dá aos pais e professores é no sentido de eles próprios corrigirem os erros que seus filhos e alunos apresentem, já que o fundamental é não deixar que o mau hábito se instale. Na maioria das vezes, esse caso pode ser corrigido em casa mesmo ou na escola, através de repetição constante. Não se pense existem técnicas fonoaudiológicas mirabolantes para corrigir a troca de fonemas: a repetição de modelos corretos é, de longe, a melhor solução.
Quando a criança dislálica troca fonemas, o Fonoaudiólogo Simon Wajntraub costuma gravar um CD para ela contando uma historinha sobre o seu dia-a-dia, de acordo com o relatório fornecido pelos pais. Na gravação, o Fonoaudiólogo Simon Wajntraub dá ênfase às trocas que a criança comete e exige que ela repita corretamente, acompanhando-o, a palavra que pronuncia logo depois dos erros. O resultado é muito rápido porque o cérebro é estimulado constantemente na área da fala. Outra troca muito comum é o famoso “tatibitati”, que sempre acontece por excesso de mimos. Com isso, a criança fica falando de maneira entrecortada e infantilizada. É muito comum, por exemplo, encontrar adultos, sobretudo do sexo feminino, que foram excessivamente mimados na infância e cresceram falando de maneira infantil, o que pode lhes ser extremamente prejudicial quando, por exemplo, fazem uma entrevista para conseguir um emprego.
Esse problema pode se refletir também na escrita, e sua correção obedece aos mesmos parâmetros da correção dos problemas da fala. Os professores que trabalham com alfabetização devem dar uma atenção especial àquelas crianças que têm uma aprendizagem mais lenta e trocam letras ou apresentam outros sintomas da dislalia, insistindo com elas no sentido de que exercitem a pronúncia e ortografia correta das palavras.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

AUTISMO
O Autismo é um distúrbio do desenvolvimento humano que vem sendo estudado pela ciência há seis décadas, mas sobre o qual ainda permanecem, dentro do próprio âmbito da ciência, divergências e grandes questões por responder.
Há 20 anos, quando surgiu a primeira associação para o Autismo no país, o Autismo era conhecido por um grupo muito pequeno de pessoas, entre elas poucos médicos, alguns profissionais da área de saúde e alguns pais que haviam sido surpreendidos com o diagnóstico de Autismo para seus filhos.
Atualmente, embora o Autismo seja bem mais conhecido, tendo inclusive sido tema de vários filmes de sucesso, ele ainda surpreende pela diversidade de características que pode apresentar e pelo fato de, na maioria das vezes, a criança autista ter uma aparência totalmente normal.
O Autismo é uma síndrome definida por alterações presentes desde idades muito precoces, tipicamente antes dos três anos de idade, e que se caracteriza sempre por desvios qualitativos na comunicação, na interação social e no usa da imaginalção.
É comum pais relatarem que a criança passou por um período de normalidade anteriormente à manifestação dos sintomas.
Quando as crianças com autismo crescem, desenvolvem sua habilidade social em extensão variada. Alguns permanecem indiferentes, não entendendo muito bem o que se passa na vida social. Elas se comportam como se as outras pessoas não existissem, olham através de você como se você não estivesse lá e não reagem a alguém que fale com elas ou as chame pelo nome.
Freqüentemente suas faces mostram muito pouco de suas emoções, exceto se estiverem muito bravas ou agitadas. São indiferentes ou têm medo de seus colegas e usam as pessoas como utensílios para obter alguma coisa que queiram.
Pessoas com esse distúrbio possuem dificuldades qualitativas na comunicação, interação social, e a imaginação (a chamada tríade), e consequentemente apresentam problemas comportamentais.
Muita vezes o simples fato de querer ir ao banheiro e não conseguir comunicar a ninguém pode ocasionar problemas como auto-agressão ou agressão aos outros.